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O perfil business partner da nova advocacia

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Alexandre da Fonte Filho

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Simony Braga

A Era Informacional impõe novos contornos também para a advocacia empresarial. São tempos em que exercitar o open mind é imprescindível para se conectar com os novos modelos e estruturas de negócios do cliente, que exigem visão multidisciplinar, compreensão de riscos, dados e informações, criatividade e adaptabilidade como competências norteadoras da prestação de serviços jurídicos na atualidade.

O perfil business partner não corre à revelia dos avanços digitais; ele se alia - de forma ágil –aos movimentos da inovação atento às ferramentas que possam trazer mais produtividade à execução, tendo como norte a relevância do capital humanona construção de soluções jurídicas consistentes e de acordo com a complexidade de cada ecossistema econômico.

Os avanços tecnológicos e a transformação digital são exemplos das forças da atualidade que impulsionam esses novos rumos da advocacia empresarial, juntamente com a inteligência artificial e big data. Muitos escritórios de advocacia já contam com programas inteligentes que auxiliam na compreensão cognitiva de processos e decisões judiciais, bem como na automação de procedimentos. Mas isso não é o suficiente. Os advogados à frente dessas estruturas tecnológicas e equipes necessitam também evoluir na compreensão desse novo contexto.

A postura business partner amplia a visão jurídica do advogado, outrora imerso no ambiente de escritórios, e o aproxima das complexidades dos negócios e das operações e estratégias do cliente. Conhecer o ecossistema no qual a empresa está inserida, para além do contexto regulatório, gera ao advogado percepção e compreensão para o aprimoramento das soluções jurídicas apresentadas.

Nesse novo contexto, destacam-se os profissionais que, além de conhecimento jurídico especializado, apropriam-se com assertividade dos temas que tocam diretamente as atividades dos seus clientes, construindo opiniões legais consistentes e, sobretudo, conectadas à realidade de cada setor da economia. Esse alinhamento gera produtividade e eficaz qualidade, economizando tempo e recurso - duas iguarias indispensáveis.

Sob essa óptica, diversas empresas têm exigido – inclusive contratualmente - que o advogado, antes mesmo de iniciar a prestação de serviços, vivencie a cadeia produtiva e as dependências da empresa com periodicidade, a exemplo de visitas técnicas aos parques fabris e linhas de produção.
Esse acesso ao ambiente de produção possibilita ao advogado dialogar com todos os setores da empresa, pessoas e níveis de gestão distintos, compreendendo que essa comunicação horizontal o aproxima do propósito organizacional.
Especial atenção deve ser dada à interação entre o advogado business partner e o gestor jurídico corporativo. Essa relação requer proximidade.

Isto porque, cada vez mais, gestores jurídicos ocupam posições estratégicas nas empresas, inclusive como membros de Conselhos de Administração, o que reforça a importância de subsidiar esses profissionais com dados e informações precisas, com linguagem assertiva, valendo-se das principais ferramentas tecnológicas disponíveis, de forma preventiva, antecipando riscos e provisões, em reforço a uma postura proativa extremamente valorizada pelo mercado.

Item adicional a esse portfólio, e igualmente importante, é o comprometimento com as informações, metas e entregas do gestor jurídico corporativo. O advogado parceiro compreende a relevância da demanda por eficiência, tanto na gestão contenciosa como na esfera consultiva, dando o conforto corporativo necessário ao gestor jurídico para que este reporte – com segurança - a advocacia de performance por ele prestada.

Relatórios inteligentes, higienização da carteira contenciosa com foco na diminuição de judicializações, demonstrativos periódicos do benefício econômico apurado, produtividade com base no uso de big data e inteligência artificial e a predição de riscos e cenários com o apontamento de soluções efetivas, são rotinas essenciais na advocacia empresarial.

Fundamental também dizer que a advocacia empresarial deve ser igualmente consistente e em linha com programas de ética e conduta, métricas de ESG, regras de Compliance e demais regramentos, com transparência de dados e informações.
Cuida-se de uma verdadeira mudança organizacional e na interação profissional, em que o mercado “convoca” a advocacia a transcender o conhecimento técnico-jurídico e a imergir no ambiente empresarial, para contribuir, como parte estratégica, na espinha dorsal do business.