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Personalização da Inteligência Artificial no Seguro Saúde

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Mariana Machado

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Paula Lôbo Naslavsky

A busca pela melhoria da qualidade de vida sempre foi um pilar da ciência, sobretudo com os avanços da medicina, junto ao desbravamento da biotecnologia, de modo a atender o anseio social de prevenção, identificação e cura de doenças.

O uso da Inteligência Artificial (IA) na área de saúde surge como um grande marco desse avanço tecnológico, em que é possível personalizar a relação dos envolvidos e garantir mais agilidade ao processo.

A contratação do plano de saúde ocorre através do contrato de adesão, que tende a ganhar uma nova formatação com o uso da IA pelas seguradoras, possibilitando o fornecimento de planos e serviços personalizados, de acordo com as necessidades de cada segurado, reduzindo os custos financeiros para as partes.

O uso de técnicas de análise de dados, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural avalia os dados do segurado e personaliza a cobertura do seu plano de acordo com suas necessidades específicas; isso inclui a identificação de possíveis riscos de saúde, histórico de doenças, estilo de vida e localização geográfica.

Outra importante aplicação da IA ocorre em relação à triagem e análise de exames, agilizando a prevenção ou diagnóstico de doenças, sendo mais eficiente do que um tratamento médico convencional, pois reduz o tempo do ciclo diagnóstico-tratamento-recuperação.

IA já consegue detectar e prever doenças antes do aparecimento de sintomas

 

Nesse sentido, investimentos já vêm sendo realizados.O Instituto de Tecnologia de Massachusetts, por exemplo, desenvolveu a denominada Mirai, um pacote de sistemas de IA que pode detectar e prever doenças em estágio inicial, invisíveis a olho nu. No caso em estudo, conseguiu escanear uma mamografia, sinalizar e prever que determinada paciente teria alto risco para câncer de mama, no prazo de cinco anos, o que de fato ocorreu. Em quatro anos após a obtenção da imagem e análise pela Mirai, a paciente teve a confirmação do diagnóstico apontado.

Cientistas da Universidade de Cambridge desenvolveram um equipamento portátil, o pâncreas artificial, que simula a função do órgão humano para controlar os níveis de glicose no sangue, injetando insulina no organismo de modo controlado e automático. Os participantes do estudo foram avaliados por várias métricas, dentre elas, a porcentagem do nível de açúcar no sangue. Em média, os pacientes que usavam o pâncreas artificial passaram 66% do tempo dentro da faixa desejada que é de 3,9 a 10.0 mmol/L.

Recentemente, foi apresentado ao mercado, pelos pesquisadores da Microsoft, o Kosmos 1, um modelo multimodal de IA que trabalha com texto, áudio, imagens e vídeos, executando tarefas em um nível compatível ao ser humano, recurso que igualmente será forte aliado da medicina em todas as suas vertentes.

Ferramentas devem potencializar atuação dos médicos e trazer diversas novas funcionalidades

 

A integração da tecnologia na saúde contribui para o aumento da precisão, para que o médico assuma um papel de gerenciador do diagnóstico e planejador do tratamento, mediante análise dos dados que a IA transmitirá.

A ideia não é a substituição da ação humana pelo aparato tecnológico, e sim utilizar a ferramenta para estimular a inovação com uma visão além do cérebro humano, aumentando assim nossa capacidade técnica.

Preocupação com ética, privacidade e dados sensíveis guia perspectivas futuras

 

No setor de seguros de saúde, a implementação da IA apresenta desafios, sobretudo em relação à privacidade e à segurança dos dados dos pacientes, havendo, ainda, a necessidade de regulamentação clara. O cenário nacional ainda está em desenvolvimento.

A criação da Ebia (Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial), pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações é responsável por nortear as ações do Estado em prol do desenvolvimento de soluções em IA estimulando a pesquisa e inovação, através do uso consciente e ético em detrimento de um futuro melhor para o país.

Tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 21/2020, objetivando criar o marco legal do desenvolvimento e uso da IA pelas pessoas físicas e jurídicas, de direito público e privado, estipulando as diretrizes de atuação da União, DF e Municípios, de forma harmônica com a LGPD e o CDC, firmado em princípios que garantam o respeito aos valores humanos e democráticos, utilizado de forma transparente por todos os agentes da cadeia.

Assim, importante garantir que as empresas de seguros de saúde usem a IA de maneira ética e responsável, protegendo a privacidade e os direitos dos indivíduos, para que haja, de fato, uma transformação na estrutura dos serviços de saúde, com grande potencial para melhoria da qualidade de vida e otimização dos custos na assistência prestada.